30/11/2008

Língua solta

Há uma expressão brasileira que, já faz algum tempo, está na boca de todo o mundo, principalmente dos jovens. É "ninguém merece". Serve para expressar indignação ou repúdio a situações desagradáveis, dolorosas ou vexatórias. Pode também ser usada com um sentido mais cômico, para debochar de alguém, por exemplo. Ex.: "O deputado Fulano da Silva foi eleito outra vez. Ninguém merece!" ou "Você viu o corte de cabelo da Patrícia? Ninguém merece."

Betty Faria vem ao Cine Fest Brasil


Já está chegando o III Cine Fest Brasil, que apresentará nove longas-metragens da nova produção brasileira nos cinemas Verdi Park, em Gràcia. O festival começa no próximo dia 11 e vai até o dia 18. Além dos filmes mais recentes, que incluem os premiados "Estômago" (Marcos Jorge) e "Tropa de Elite" (José Padilha), haverá a sessão "Clássico Brasil", com o longa "Bye Bye Brasil", de Cacá Diegues, de 1979.

Aliás, a atriz protagonista desse "road movie" pelo interior do Brasil, Betty Faria, fará a apresentação do filme. Ela é um verdadeiro ícone do cinema nacional. Outros convidados do festival são João Miguel, protagonista de "Estômago", e os diretores Pedro Flores e Renato Ciasca. Eles apresentarão, respectivamente, os seus filmes "Vidas" e "Cão sem Dono".

Este ano há uma novidade no festival: a exibição dos melhores documentários sul-americanos dos últimos anos no ciclo "Doc TV".

Clique aqui
para ver a programação. As entradas custam € 5 e podem ser compradas antecipadamente no site Telentrada.


Betty Faria como Salomé em "Bye Bye Brasil"

28/11/2008

Angeli inspira curtas do Brasil Noar

Duas obras inspiradas em histórias do cartunista Angeli e filmes que retratam aspectos do sul do Brasil são o ponto forte da última noite de exibição de curtas-metragens do festival Brasil Noar. As projeções acontecem amanhã (29/11), a partir das 21h30, na sala MaumaUnderground (rua Fontrodona, 33-35, metrô Paral.lel). Batizada de "Panorana Brasil", com curadoria de Rejane Zilles, a sessão tem ficção, documentário e animação. Confira abaixo a programação.

Noite de Domingo, de Rodrigo Hinrichsen, 16 min.
A noite de domingo é, para muitos, deprimente. É a véspera de mais uma semana que começa com a sensação de interminável. É assim para milhões de pessoas, inclusive para um certo João e para uma certa Maria, que não se conhecem, mas se tornam cúmplices em um jogo velado, onde o silêncio é mais eloqüente do que o que é dito.


O Livro de Walachai, de Rejane Zilles, 15 min.
Em Walachai, uma pequena comunidade alemã no sul do Brasil, mora o agricultor e professor João Benno Wendling. Sua vida foi dedicada a alfabetizar as crianças do povoado, que só falavam alemão. Nos últimos anos, ele registrou, em 400 páginas de impecável caligrafia, a história deste lugar.

A Cauda do Dinossauro, de Francisco Garcia, 15 min.
Baseado em obra original do cartunista Angeli. No submundo decadente de uma cidade em ruínas, onde tudo é proibido, uma mulher busca o último dos prazeres.

Um Ridículo em Amsterdã, de Diego Gozze, 13 min.
Um rapaz, dono de uma dramática história de vida, participa de um documentário em que um jovem cineasta se apropria de métodos poucos usuais para descortinar sua intimidade.


Dossiê Rê Bordosa, de César Cabral, 16 min.
Fama? Ego Inflado? Espírito de Porco? Quais os reais motivos que levaram Angeli a matar Rê Bordosa (à direita), sua mais famosa criação? Este documentário em animação stopmotion investiga este vil crime.

Booker Pittman, de Rodrigo Grota, 15 min.
Fragmentos da estada do músico de jazz americano Booker Pittman pela cidade de Londrina nos anos 1950. Saxofonista importante nos anos 1930, tocou com grandes nomes, como Count Basie, Ben Webster e Louis Armstrong, além de ter criado o primeiro trio de jazz do Brasil.

26/11/2008

Festa e música em curtas do Brasil Noar

Amanhã (27/11) continua a exibição de curtas-metragens no festival Brasil Noar. Serão projetados cinco filmes a partir das 21h30 na sala MaumaUnderground (rua Fontrodona, 33-35, metrô Paral.lel). A entrada é grátis. Há ficção, documentário e animação. Os temas são diversos: música, relacionamentos, os gays do Nordeste e festa. Segue a programação, com sinopses, abaixo.

Trópico de Cabras, de Fernando Coimbra, 22 min.
Um casal em crise viaja de carro da costa até o interior de São Paulo para salvar - ou perder - a relação. Acabam se envolvendo em um estranho jogo sexual.

Viva Volta, de Heloísa Passos, 15 min.
Documentário com o trombonista Raul de Souza, que, desde 1971, mora fora do Brasil. Ele incomoda-se com a falta de reconhecimento no seu país natal. O filme promove o encontro do músico com a cantora Maria Bethânia, uma das vozes mais representativas da música brasileira.

Engano, de Cavi Borges, 11 min.
Um homem. Uma mulher. Uma cidade. Dois "takes".

Homens, de Lucia Caus, 21 min.
Documentário sobre a coragem dos gays da região Nordeste do Brasil, mostrando suas alegrias e tristezas.

Até o Sol Raiá, de Fernando Jorge e Leandro Amorim, 12 min.
Nesta animação, bonecos de argila criados por uma artesão nordestino ganham vida e animam a cidade.


Imagem do curta de animação "Até o Sol Raiá"

24/11/2008

Duo brasileiro em Festival de Jazz de BCN

Dois grandes instrumentistas brasileiros apresentam-se juntos esta sexta-feira (28/11) no 40º Voll-Damm Festival Internacional de Jazz de Barcelona. São o bandolinista Hamilton de Holanda e o percussionista Marcos Suzano. Duas forças da nova música brasileira que se juntaram este ano para realizar uma turnê européia, que também passa por França e Itália.

Batizado pela imprensa americana de “Jimi Hendrix do bandolim”, o carioca Hamilton de Holanda é um virtuoso desse instrumento, ao qual adicionou duas cordas extras (resultando em um total de dez). Essa inovação aliada à velocidade dos seus solos arranca sons improváveis e um som que mistura choro, bossa nova, jazz e rock.

O músico, que lançou este ano o CD “Brasilianos 2”, já dividiu palco com grandes nomes da música brasileira, como Maria Bethânia e Ivan Lins, e internacional, como John Paul Jones (Led Zepellin) e o acordeonista Richard Galliano. Também já participou de CDs de Djavan, Cesarea Évora e Zélia Duncan, entre outros

Também carioca, Marcos Suzano é conhecido pela destreza, criatividade e agilidade com que toca o pandeiro. Desenvolveu novas técnicas para esse instrumento, como tocá-lo “ao contrário”, ou seja, tomar como tempo forte não a batida do polegar, mas das das pontas dos dedos contra a pele do pandeiro. Segundo os especialistas, essa maneira de tocar permite a realização de ritmos fora do padrão e de compassos únicos.

Com fortes influências dos ritmos africanos, ele já gravou alguns CDs, como “Olho de Peixe” (1993), em parceria com Lenine, “Sambatown" (1996), com influências do samba-funk, e "Flash" (2000), de tendência mais eletrônica.

O show acontece no Zac Jazz Club (av. Diagonal, 477), às 22h30. A entrada custa € 18 e pode ser comprada pelo site www.teleentrada.com.


Apresentação da dupla em Curitiba

23/11/2008

Reportagem que fiz sobre o Pará


Hoje estava falando com um amigo sobre a minha viagem à Ilha de Marajó, no Pará, meu estado natal. Fui até lá em 2003, quando ainda morava em São Paulo, para fazer uma reportagem para a "Folha de S. Paulo". Procurei a matéria na internet para mostrar ao meu amigo e pensei que seria interessante colocar o link aqui para quem quiser saber mais sobre esse estado amazônico.

Há textos sobre três lugares: a Ilha de Marajó, Salinópolis (na costa atlântica paraense) e Belém, a capital, onde nasci. Uma curiosidade é que, na galeria de fotos, que aparece depois da reportagem (abaixo dos links para os outros textos), há uma imagem minha montado em um cavalo, em uma área alagada, tocando os búfalos para o curral. O relato sobre essa experiência, que escrevi em primeira pessoa, está no quarto link abaixo do texto ("Repórter vira peão e toca búfalos na ilha de Marajó").

Clique aqui para ler a reportagem.


Ilha de Marajó em foto de João Ramid

22/11/2008

Língua Solta

Hoje a seção traz o significado de "troco". Essa palavra é mais utilizada na acepção de "dinheiro devolvido pelo vendedor ao comprador que pagou a compra de uma mercadoria com moeda de valor superior ao preço combinado", segundo definição do Dicionário Houaiss. É o que chamamos em catalão de "canvi", em castelhano de "cambio" e em inglês de "change". A palavra também é usada na expressão "dar o troco", que significa "ação ou manifestação com que se retruca golpe, provocação ou ato de um agressor, rival etc.; replicação, resposta, revide".

Filmes portugueses no Cine Alexandra

A minha aluna Mònica escreveu-me um e-mail para dizer que entre 25 e 30 deste mês serão exibidos filmes portugueses – curtas e longas - no Cine Alexandra (Rambla Catalunya, 90), como parte da VI Mostra Portuguesa, uma iniciativa da embaixada desse país. Há legendas em castelhano.

O Consulado Geral de Portugal disponibiliza algumas entradas grátis, que devem ser solicitadas através do e-mail myriam.diego@barcelona.dgaccp.pt. Deve-se indicar no correio o nome e a sessão do filme.

A exibição de “Call Girl”, no dia 28, às 20h12, contará com a presença do diretor, António Pedro Vasconcelos. É um longa sobre política e corrupção.

A programação é a seguinte:

25/11
20h -"História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa
20h10 - "Juventude em Marcha", de Pedro Costa

26/11
20h - "Jantar em Lisboa", de André Carrilho
20h12 - "Kiss Me", de António Cunha Telles

27/11
20h - "Superfície", de Rui Xavier
20h16 - "Rapace", de João Nicolau
20h45 - "Noite Escura", de João Canijo

28/11
20h - "Selvagens: a Última Fronteira", de Felipe Araújo
20h32 - "Call Girl", de António Pedro Vasconcelos

29/11
20h - "Elogio a ½", de Pedro Cena
21h12 - "Suicídio Encomendado", de Artur Serra Araújo

30/11
20h - "Metamorfoses", de Bruno Cabral
20h50 - "Dot.com", de Luís Glavão Teles

Trailer de "Suicídio Encomendado", de Artur Serra Araújo


Trailer de "Noite Escura", de João Canijo

20/11/2008

Língua portuguesa tem seu próprio museu


Tecnologia e interatividade são as principais ferramentas do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, para explicar e difundir o idioma. Inaugurada em 2006, a instituição ocupa três andares da Estação da Luz, edifício histórico no centro da cidade, com 4.333 m² de área de exposição.

O desafio de exibir um patrimônio imaterial, como é o caso de uma língua, foi suplantado com a utilização de aparatos tecnológicos. Os espaços expositivos aplicam diferentes recursos para revelar vários aspectos do idioma.

A Praça da Língua, por exemplo, é uma espécie de planetário de palavras, com efeitos visuais projetados no teto e no chão. O espaço se assemelha a um anfiteatro, com arquibancadas. Numa tela são apresentados clássicos da prosa e da poesia em sons e imagens. Entre os textos, há poemas de Carlos Drummond de Andrade, Gregório de Matos e Fernando Pessoa, trechos de obras de Machado de Assis e Euclides da Cunha e canções de Noel Rosa e Vinícius de Moraes. São ouvidos na voz de cantores e atores brasileiros, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Paulo José e Bete Coelho.



Já no espaço Beco das Palavras, o visitante movimenta, com o toque das mãos, imagens de fragmentos de palavras, que incluem sufixos, prefixos e radicais, com o objetivo de formar palavras completas. Quando consegue, a mesa de projeção apresenta a etimologia da palavra, além de animações e filmes sobre a sua origem.

A riqueza cultural e lingüística do português são o foco da sala Lanternas das Influências. Nela há oito totens multimídia, em formato triangular, dedicados aos idiomas que influenciaram a língua portuguesa: dois para as línguas africanas, dois para as indígenas, um para o espanhol, um para inglês e francês, um para línguas diversas dos imigrantes e um para o português no mundo. Cada totem possui três monitores interativos.



Outros espaços incluem o Auditório, onde se apresenta, em um telão de nove metros de largura, um curta-metragem sobre o surgimento das línguas e sua importância para a humanidade; a Grande Galeria, que se assemelha a uma estação de trem e a um grande túnel, com um telão de 106 metros de comprimento; e Mapa dos Falares, uma grande tela interativa onde é possível acessar áudios com os sotaques das diferentes regiões brasileiras.

Há ainda a Árvore da Língua e a Linha do Tempo. Esta última é um grande painel que mostra as origens indoeuropéias do português, apresentando sua evolução histórica, cobrindo um períodos de seis mil anos de história. Já a árvore é uma escultura com três andares de altura cujas raízes são formadas de palavras que originaram o português e em cujas folhas surgem contornos de objetos.

Além da exposição permanente, o museu abriga mostras temporárias, como a atual sobre o escritor carioca Machado de Assis (1839-1908), considerado um dos nomes mais importantes da literatura brasileira.

Para acessar o site oficial do museu, clique aqui.

* com informações do site oficial e da Wikipédia

19/11/2008

Mais curtas do festival Brasil Noar

Este breve post é apenas para lembrar que continuam as exibições de curtas-metragens brasileiros no festival Brasil Noar. Hoje, às 21h30, serão exibidos dois vídeos de skate, no Nevermind (rua Escudellers Blanc, 3). Na semana que vem, serão exibidos curtas nos dias 27 e 29, a partir das 21h30, na Sala MaumaUndenderground (rua Fontrodona, 33-35, metrô Paral.lel). Mais adiante publicarei a programação.

18/11/2008

Descobrindo o Brasil: Movimento antropofágico

Em plena revolução cultural no país, reforçada pela realização da Semana de Arte Moderna de 1922, o escritor e pensador paulistano Oswald de Andrade lançou em 1928 o Manisfesto Antropófago. Nele, o autor prega a deglutição da cultura exterior, principalmente norte-americana e européia, sua reelaboração e transformação em algo genuinamente brasileiro. Por isso, a metáfora da antropofagia (canibalismo).

O manifesto, base do movimento, critica a dependência e a cópia do que era ditado pelos países capitalistas hegemônicos. Reivindica ainda a retomada dos valores indígenas, a liberaçação do instinto e a valorização da inocência. No texto, utiliza a palavra indígena Pindorama para referir-se ao Brasil.

O próprio texto do manifesto pode ser interpretado como um exemplo do que propunha o autor, já que se inspirou em teorias de pensadores estrangeiros, como Karl Marx, Sigmund Freud e André Breton, para reclamar o nacional, o nativo.

Participaram também do movimento a artista plástica Tarsila do Amaral e os escritores Patrícia Galvão (Pagu) e Raul Bopp, autor do poema “Cobra Norato”, inspirado em uma lenda amazônica, considerada a obra mais importante dessa corrente artística.

O antropofagismo influenciou, nos anos 1960, o movimento Tropicalista, encabeçado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé e que colaborou para difundir a arte brasileira no exterior.


O quadro "Abaporu" (acima), de Tarsila do Amaral, é um dos principais símbolos do movimento

17/11/2008

Show da Adriana Calcanhotto por Victor


Que bom! Hoje publico a primeira colaboração de um dos meus alunos, o Victor. Ele foi ao show da cantora brasileira Adriana Calcanhotto, no último dia 7, no Palau de la Música, e escreveu o seguinte texto sobre o espetáculo:

“O show da Adriana Calcanhotto foi realmente bom. Particularmente, eu tinha a desvantagem de não conhecer bem seu último disco (‘Maré’), assim que, um dia antes do concerto, baixei-o da internet e escutei-o todo o dia. Ela começou o show com canções do CD mais recente e, por um momento, pensei que não cantaria ‘Fico Assim sem Você’ e outras também muito conhecidas de discos anteriores. Mas, felizmente, depois do repertório de ‘Maré’, começou a cantar músicas mais antigas. Gostei muito do uso de instrumentos variados, inclusive de um cujo nome não sei, que acho que é típico do Brasil.

A voz da Calcanhotto é simplesmente espetacular. Inclusive nos presenteou com uma canção em catalão, que agradou a muitas das pessoas presentes. Ela comentou que gostava muito da nossa língua. No final do concerto, recitou um poema de um autor português. Definitivamente, valeu muito a pena.”


Adriana canta "Seu Pensamento" em Lisboa

16/11/2008

Língua Solta

Hoje esta seção traz o significado da expressão "ficar a ver navios". Quer dizer "sofrer decepção", segundo definição do Dicionário Houaiss. Significa também "não obter o que se deseja", "perder uma oportunidade". De acordo com alguns autores, a origem da expressão remonta ao século 19. Quando o general francês Junot, do exército de Napoleão, chegou a Lisboa em 1807, para conquistar Portugal, viu ao longe a frota de navios da família real lusitana fugindo para o Brasil. Literalmente, "ficou a ver navios", o que resultou no sentido figurado da expressão. Exemplo: "Maria chegou atrasada à distribuição de brindes e ficou a ver navios".

15/11/2008

Glauber Rocha no festival L’Alternativa


Mais cinema brasileiro em Barcelona! O cineasta Glauber Rocha (1939-1981) é homenageado este ano pelo L’Alternativa – Festival de Cinema Independente de Barcelona. Serão exibidos a partir de hoje seis filmes do diretor baiano, que revolucionou a maneira de fazer cinema no Brasil nos anos 1960.

Foi o principal expoente do Cinema Novo, movimento cinematográfico que rompeu com a estética e a temática vigentes na época – mais próximas a Hollywood. Glauber e outros jovens cineastas, inspirados pelo neo-realismo italiano e pela Nouvelle Vague, apostaram por un cinema barato, voltado à realidade brasileira e com uma linguagem de vanguarda. Os temas abordados expunham a pobreza e a alienação. O lema era “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”.

Um dos filmes selecionados, "Cabeças Cortadas", foi gravado em Cadaqués, na Costa Brava. Sobre ele, disse Glauber Rocha: "É um filme contra as ditaduras, é o funeral das ditaduras. Trato de um personagem que seria o encontro apocalíptico de Perón com Franco, nas ruínas da civilização latino-americana. Filmei nas pedras de Cadaqués, onde Buñuel filmou 'L'Age d'Or'. A Espanha é a Bahia da Europa. 'Cabeças Cortadas' desmonta todos os esquemas dramáticos do teatro e do cinema. O cinema do futuro será som, luz, delírio, aquela linha interrompida desde 'L'Age d'Or'".

O melhor é que todas as exibições dos filmes do Glauber Rocha são grátis. Acontecem no auditório do CCCB (rua Montalegre, 5, metrô Universitat), na Casa América Catalunya (rua Córsega, 299, entresuelo, metrô Diagonal) e no Cinema Maldà Ars Forum (rua del Pi, 5, metrô Liceu)

Confira abaixo a programação:

Dia 15/11
18h45, no CCCB
Deus e o Diabo na Terra do Sol(1964)
Elenco: Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães, Maurício do Valle
Depois de matar o patrão, o vaqueiro Manuel e sua mulher Rosa vagam pelo sertão, encontrando um líder messiânico, o cangaceiro Corisco e o temível Antônio das Mortes.

Dia 17/11
16h30, na Casa América Catalunya
Barravento(1962)
Elenco: Antonio Pitanga, Luiza Maranhão, Lucy de Carvalho
Um negro luta para provar que o candomblé, como todo misticismo, ajuda, mesmo sem querer, a manter no poder a elite dirigente. Primeiro longa-metragem de Glauber Rocha, já evidenciando sua tendência para um cinema discursivo e original.

Dia 18/11
16h30, no CCCB
Cabeças Cortadas(1970)
Elenco: Pierri Clementi, Francisco Rabal, Marta May
Dentro de um castelo, em alguma parte do Terceiro Mundo, Diaz, um rei sem coroa, tem lembranças delirantes. Em sonho, realiza uma viagem, escraviza índios, trabalhadores e camponeses. Nesta viagem, Diaz descobre suas origens.

Dia 20/11
19h30, na Casa América Catalunya
A Idade da Terra(1980)
Elenco: Ana Maria Magalhães, Jece Valadão, Norma Bengell
Filme que se dispõe a retratar o Brasil, seu jogo político e as diversas implicações de sua mistura de raças e culturas.

Dia 22/11
17h, no CCCB
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro(1969)
Elenco: Maurício do Valle, Odete Lara, Othon Bastos
Batalha alegórica entre o mal (o latifúndio) e o bem (a reforma agrária).

18h30, no Cinema Maldà Ars Forum
Terra em Transe(1967)
Elenco: Jardel Filho, Paulo Autran, Glauce Rocha
Paulo é um jornalista que tenta mudar a situação ao planejar a ascensão de um candidato supostamente oposicionista chamado Vieira, buscando o apoio do maior empresário do país para deter o avanço de uma multinacional estrangeira sobre o capital do país. Tudo começou bem, porém problemas sociais e a corrupção arruinaram sua intenção.

Nova ortografia do português


Este é um tema que já comentei com meus alunos e que acho importante para quem está estudando português. A partir do ano que vem, começa a ser implantado no Brasil o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unifica a ortografia do idioma nos países que integram a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). Fazem parte dessa associação Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste.

No primeiro ano, a nova ortografia será obrigatória apenas em documentos do governo. O período para a implantação total do acordo é de quatro anos. Os livros didáticos com as novas normas começarão a ser usados nas escolas a partir de 2010.

As principais mudanças alteram a acentuação de algumas palavras, extinguem o uso do trema e sistematizam a utilização do hífen. No Brasil, as alterações atingem 0,5% das palavras. Nos demais países, que adotam a ortografia de Portugal, o percentual é de 1,6%.

Com a reforma, o alfabeto passará a ter 26 letras – com a integração do “k”, do “w” e do “y”, ainda que sigam sendo utilizados apenas para escrever palavras de origem estrangeira e seus derivados, como “kiwi” e “kafkiano”. No português do Brasil será eliminado o trema (que já não é usado em Portugal). Assim, a palavra “freqüência” passará a ser escrita “frequência”, mas com a mesma pronúncia. A exceção são nomes estrangeiros e seus derivados, como “Müller”.

O acento agudo desaparece nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas (“idéia”, “heróica”) e no “i” e no “u” precedidos de ditongos abertos, como em “feiúra”. O acento circunflexo deixará de ser utilizado nos hiatos “oo” (vôo) e “ee” (lêem, vêem). Já no português dos outros países serão suprimidas as consoantes mudas, como o “c” de “acção” e o “p” de “adopção”, e o “h” inicial de alguma palavras, como “húmido”.

Clique aqui para ler o texto sobre o tema escrito por uma amiga jornalista de São Paulo, a Adriana Vieira, que vem acompanhado de uma apresentação muito didática sobre essas e outras modificações. Vale a pena conferir.

14/11/2008

3º Cine Fest Brasil em dezembro!

Além da mostra de curtas-metragens do festival BrasilNoar, comentada no primeiro post deste blog, os moradores de Barcelona terão este ano mais uma oportunidade de conferir a produção cinematográfica brasileira. Trata-se do 3º Cine Fest Brasil, que apresentará nove longas-metragens no cinema Verdi Park entre os dias 11 e 18 de dezembro.

O festival abrirá com o premiadíssimo “Estômago”, dirigido por Marcos Jorge, que, além de galardões conquistados na França, na Inglaterra e na Holanda, abocanhou este mês os prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor Estreante na 53ª Semana Internacional de Cinema de Valladolid. É a história de ascensão e queda de um cozinheiro com dotes muito especiais. O site oficial do filme define-o como “uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária”.

Serão exibidos também os sucessos de bilheteria “Tropa de Elite”, de José Padilha, vencedor do Urso de Ouro em Berlim e já visto nos cinemas espanhóis, e “Meu Nome Não É Johnny”, de Mauro Lima, que conta a história de um jovem de classe média que se transforma no rei do tráfico de drogas da zona sul do Rio de Janeiro.

Para quem gosta de música brasileira e, particularmente, da bossa nova, a pedida será “Os Desafinados”, que lembra o nascimento do movimento, com locações no Rio e em Nova York. Já os cineastas Beto Brandt e Renato Ciasca apresentam “Cão sem Dono”, que esmiuça o conturbado relacionamento entre um tradutor de russo, que cuida de um cachorro sem dono e vive no centro de Porto Alegre, e uma modelo. Foi adaptado do romance de Daniel Galera, escritor que começou escrevendo em blogs.

O festival entregará o prêmio Lente de Cristal para o filme mais votado pelo público. Eu acompanho o Cine Fest Brasil desde a primeira edição e devo dizer que, além dos filmes, as festas de inaguração e de encerramento são ótimas e acontecem no Café Salambó, ao lado do cinema. Até o ano passado não era necessário convite para ir às festinhas.

As entradas para os filmes custam 5 euros e podem ser compradas diretamente no Verdi Park (rua Torrijos, 49, metrô Fontana) ou antecipadamente pela rede Telentrada. Mais adiante publicarei outras notícias sobre o festival. Veja abaixo o trailer de "Estômago".


Trailer de "Estômago"

Língua Solta

Inauguro esta seção, que espero que seja útil para ampliar o vocabulário, com a locução "de rachar". Segundo o Dicionário Houaiss, significa "muito intenso, forte". Utiliza-se habitualmente com condições climáticas: "Faz um frio de rachar" ou "O sol estava de rachar".

Curtas no BrasilNoar

Estréio este blog escrevendo sobre a mostra de curtas-metragens do Festival BrasilNoar. Acabo de voltar da primeira noite de exibição e vi algumas obras interessantes, como um pequeno documentário sobre um mecânico de Brasília que transformou sua oficina em um teatro ("Oficina Perdiz", de Marcelo Diaz) e os curtíssimos urbanos de Luan Banzai, gravados nas ruas de Curitiba, a maior cidade do Sul do Brasil e considerada modelo de urbanismo no país.

Hoje (14/11) a mostra se dedica à projeção de curtas do projeto "Revelando os Brasis", do Instituto Marlin Azul, que estimula a produção de vídeos digitais em municípios de até 20 mil habitantes. Há temáticas interessantes, como a perseguição aos pomeranos (procedentes do norte da Polônia e da Alemanha) e seus descendentes no estado do Espírito Santo durante a Segunda Guerra Mundial ("Bate-Paus", de Jorge Kuster Jacob) e a história de Chico Abelha, um homem que vive na floresta da Serra da Mantiqueira, em São Paulo, em harmonia com a natureza ("Documentário sobre Chico Abelha", de Uiara Maria Carneiro da Cunha).

As exibições começam às 21h30 e acontecem no MaumaUnderground (rua Fontrodona, 33-35, metrô Paral.lel). A entrada é grátis, mas o garçom praticamente te obriga (é verdade!) a pedir algo para beber, mesmo que não estejas sentado em uma mesa! Abaixo posto uma vinheta do Banzai Studio, a produtora do diretor Luan Banzai, que estava presente na mostra.


Vinheta do Banzai Studio, que apresentou curtas no festival